Espiritualmente profana.

Pamela Ribeiro
3 min readJun 24, 2020

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Foto de @ActionVance

Um olhar subversivo sobre autoconhecimento.

Quem fez as regras? Okay, por um lado elas são realmente importantes no trajeto, para que o caminho tenha uma delineação saudável, e minimamente equilibrada.

Mas, o que e quem as determinaram?

Prazer, meu nome é Pam Ribeiro, 27 anos, e sem saber se é mais sobre certo ou errado, bom ou ruim, escuro ou claro, preto ou branco. A dualidade das coisas, será sobre a dualidade? Porque tão binários?

E o meu autoconhecimento? Está dentro de um perspectiva desligada da consciência em práxis de uma construção purista.

Em tempos, venho questionando a estrutura que faço parte, os meus ideais, as minhas vontades, batendo de frente com ciclos viciosos que danificam a minha percepção e visão de mundo, buscando chaves para me libertar de correntes, e o mais comum, que você já deve ter escutado por aí, despertando. Despertando espiritualmente...

Mas, o que seria de fato o despertar? Acredito que para um lado, a liberação de uma visão de vida doutrinada por um sistema patriarcal adoecido. Agora o que me coloca em cheque é… Será que também não podemos no meio desse processo acabar nos entregando tanto, a ponto de simplesmente se sentir refém de algo que sempre amou?

Quero dizer, tudo tem vários lados.

E não é como se a espiritualidade que temos de exemplo fosse a mais acolhedora. Eu sou mulher preta e periférica, apesar de ter um trampo sólido, que se adapta as minhas inconstâncias e respeita meu ciclos, ainda tô ali, na profanidade espiritual para muitos. E aí, penso, porque ela seria ruim? O que é ruim?

Ao meu ver, não poder ter liberdade o suficiente para expressar o caminho que de alguma forma melhor se aplica a minha realidade em dado momento, é ruim. Porque, temos de admitir, somos de momentos, cíclicos.

A minha desconfiança? Bom, aqueles que têm muita certeza sobre o trajeto espiritual e como ele é traçado para cada um de nós. Hoje, eu já consigo escrever com tranquilidade que nem tudo sei, mas estou de coração aberto para aprender, sem apontar a faca. Sem a língua afiada (na medida do possível rs).

Ainda assim, tem algo que precisa ser compreendido, um movimento higienista, eurocêntrico, colonial no meio holístico. Quem nós queremos enganar ao dizer que o histórico da estrutura não é completamente branco?

Enfim, a espiritualidade é linda, e o problema nunca foi, nem será ela. Essa, sempre existirá. Acreditando ou não.

Mas, como rompemos barreiras com crenças tão enraizadas? Isso é sobre nós, PLURIversais, praticando suas crenças cada um do jeito que melhor entende, isso é sobre não limitar, é sobre entender todas essas verdades, que são muitas, e respeitá-las.

(Mas, se beirar a racismo e lgbtqfobia… Opa! Ligue o alerta vermelho)

No mais, auto-responsabilidade é tudo, aliás, acredito que esse texto seja um pouco sobre isso. Não quero mais boicotar o meu processo espiritual, tentando me encaixar em algo que não me faz bem, não me faz me sentir o que realmente sou, que me desliga do que tenho como propósito. Não quero ser “a iluminada”, “evoluída”, em resumo, não quero ser desumanizada.

É sobre isso.

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