Eu sei ser livre?

Quando a gente aprende? Aprendemos?

Pamela Ribeiro
3 min readSep 25, 2020

Hoje eu sonhei com uma situação muito curiosa, eu diria.

Antes de dormir sempre peço algum tipo de aconselhamento para os céus, não sei exatamente se era o que esperava, mas recebi.

No sonho eu estava num apartamento, em uma festa com amigos e toda aquela situação me parecia familiar, eu gostava bastante da forma como as coisas se moviam, penso que em tempos de pandemia, só em sonhos mesmo para se divertir assim.

Lá estava eu, até que me dei de cara com meu primeiro amor, o primeiro! E quando eu o reconheci algo me despertou coragem o suficiente para ir até lá para conversar, ele me reconheceu também, e passamos a noite inteira falando sobre a vida, sobre tudo mesmo! Nós riamos como se não houvesse amanhã e foi noite adentro assim.

Uma amiga em comum (??) também estava lá, e venho conversar com a gente. Foi divertido, mas acabou do nada, acabou com a gente para fora do apartamento que rolava a festa, eu me perguntando onde estava esse primeiro amor que não consegui anotar o contato, e minha amiga me dizendo sobre “não ter pressa”, no momento certo, ele me chamaria. E eu dizia a ela, “mas, como? eu não passei nenhum contato para ele…”, e ela sorrindo pleníssima só dizia, “fica calma, não seja ansiosa, que ele vem”.

Assim, de súbito, um pouco chateada pela situação, já era manhã no sonho, sei disso porque meus pais apareceram bravos, prontos para me levar embora da festa, indignados por eu ter saído sem avisar, sem falar nada, levando em consideração que sim, já estava eu com meus 27 anos, porque eu repetia com afinco isso a eles. “Eu já tenho 27 anos, posso fazer o que quiser!”.

Me puxaram pelos braços, entrei no carro, e fomos embora. Eu sem o contato do moço, e sem poder me despedir de minhas amigas, essa que inclusive, havia me dado uma rosa rosa para eu cuidar.

Bom, eu não sou nenhuma analista de sonhos, mas quando acordei, esse sonho me remeteu a carta 9 de ouros do Tarot imediatamente. Estamos numa Lua em Capricórnio, signo de elemento terra.

É sobre estruturas, mas quais estruturas? As que a gente foi criado, as que ainda nos emperram, as que de alguma forma, ainda obedecemos como nossos pais. E longe de mim dizer que meus pais hoje me proibiriam de fazer algo, não mesmo… Mas, fui criada sobre uma tutela de grande proteção e defesa.

Eu sei que essa amiga me remete ao 9 de ouros, eu sei que o fato dela estar lá significaria varias coisas, mas o principal aqui é: EU SEI SER LIVRE?

Eu me pergunto isso hoje, eu me perguntarei amanhã.

Eu posso me mover agora como bem entender, mas algo mais profundo me impede muitas vezes, a voz desse “pai” (esse pai é simbólico, não o meu de fato) bravo que diz que “não posso”, então não faço.

Você sabe ser livre? Será que somos? Será que em algum momento nós aprendemos? Eu acredito que sim, só espero que não seja muito tarde.

Aí, entram tantas questões o que é ser mulher e livre? Mulher, cis, preta, e livre? Onde estão calcados os meus privilégios dentro do ser livre?

De qualquer forma, eu acredito que a mensagem do sonho foi honesta e direta. Muitas vezes o que ainda nos mantêm bem rentes e com os pés presos no chão são as crenças familiares. É, exatamente. Como você foi criado?

Aqui, a gente tinha a todo tempo que tomar cuidado, além do mais, sempre estive dentro da ideia de que era melhor não fazer arruaça, ficar quieta, e obedecer. Não fui uma dessas jovens cheias de rebeldia, muito pelo contrário.

A questão é que eu não sou mais essa adolescente, e ainda me coloco em grandes posições de preocupação do que meus familiares vão achar “se…”. Aí, é hora de questionar, e entender o porquê ainda estou presa nesse padrão, e também perceber que no auge dos meus 27 anos é hora de sair dele.

Mais vale dois pássaros voando, do que um na mão.

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